delírios em palavras



domingo, 6 de abril de 2014

não saber



Ela não sabe. E não saber é o pior estado. Não saber se sabe, não saber o que fazer, pra onde ir, pra onde olhar. Não saber o que ele está fazendo, no que ele está pensando, não saber se ele está pensando ou se está apenas sonhando, livre na vida. Não saber se ele volta, se ele está bem, se ele está perdido, se ele quis se perder. Ela não sabe, com poucas palavras ele se calou. Ele não fala nada, nem tampouco sente. Ela espera e cria teorias para passar o tempo. Ele inventa possibilidades, ele tenta achar uma saída. Ela prefere não pensar no depois, é inevitável. Quando não se sabe, pensa-se em tudo: no antes, no agora, no depois, no que não aconteceu. Ela passa por um momento de incertezas, o chão pode rachar ou ela pode correr sobre ele voltando, provando que o chão resiste. Ela não vai ir atrás, ela respeita o espaço. Ela não vai procurar, ela não vai ligar, ela não vai demonstrar o desespero. Ele está tranquilo, dentro do impossível. Ela queria poder abraçá-lo, ela queria poder ouvir sua voz. Mas ele vai voltar. Ele vai voltar com saudades, trazendo a noticia ou um simples recado, um aviso. De qualquer jeito ela sabe o jeito, ela sabe seguir, ela sabe olhar para trás sorrindo. Mas ele vai voltar, talvez demore e se assim for, ele que vai esperar que todo o amor tenha resistido ao tempo que ela esperou. Por todo o amor que ela sentia e ele tentou guardar nas entrelinhas de um tempo impensável.

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