Ela não sabe. E não saber é o pior estado. Não saber
se sabe, não saber o que fazer, pra onde ir, pra onde olhar. Não saber o que
ele está fazendo, no que ele está pensando, não saber se ele está pensando ou
se está apenas sonhando, livre na vida. Não saber se ele volta, se ele está
bem, se ele está perdido, se ele quis se perder. Ela não sabe, com poucas
palavras ele se calou. Ele não fala nada, nem tampouco sente. Ela espera e cria
teorias para passar o tempo. Ele inventa possibilidades, ele tenta achar uma
saída. Ela prefere não pensar no depois, é inevitável. Quando não se sabe,
pensa-se em tudo: no antes, no agora, no depois, no que não aconteceu. Ela
passa por um momento de incertezas, o chão pode rachar ou ela pode correr sobre
ele voltando, provando que o chão resiste. Ela não vai ir atrás, ela respeita o
espaço. Ela não vai procurar, ela não vai ligar, ela não vai demonstrar o
desespero. Ele está tranquilo, dentro do impossível. Ela queria poder abraçá-lo,
ela queria poder ouvir sua voz. Mas ele vai voltar. Ele vai voltar com
saudades, trazendo a noticia ou um simples recado, um aviso. De qualquer jeito
ela sabe o jeito, ela sabe seguir, ela sabe olhar para trás sorrindo. Mas ele
vai voltar, talvez demore e se assim for, ele que vai esperar que todo o amor
tenha resistido ao tempo que ela esperou. Por todo o amor que ela sentia e ele
tentou guardar nas entrelinhas de um tempo impensável.
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