Ele foi covarde. Ele foi incapaz de mensurar as
consequências. Ele foi covarde. Ele não conseguiu perceber os erros e não teve
disposição para corrigi-los. Ele foi covarde. Ele negou, ele enganou, ele
mentiu. Ele não assumiu que não tinha condições de suportar um amor. Ele não
soube amar. Ele amou tanto que se perdeu quando tudo pareceu se perder. E
acabou te perdendo. Ele foi covarde. Ele se afastou sem ir embora, ele se
ocultou estando presente, ele desperdiçou o presente que havia em suas mãos.
Ele foi covarde. Ele prometeu e não cumpriu, ele falou e ficou surdo, ele ficou
cego para suportar o insuportável. Ele foi covarde. Ele falou repetidos sim,
insistiu chances, implorou perdões. Tu acreditavas que a coragem viria depois.
Tu acreditavas que ele ia mudar. Tu acreditavas. Eu assisti tudo. Eu assisti ao
teu esforço para acreditar. Eu assisti às tuas lágrimas e desespero. Eu assisti
à tua coragem em acreditar. Sempre acreditar. Ele foi covarde. Ele foi tão
covarde que despertou raiva em ti, vontade de se retirar, de se calar e nem
sequer ouvir. Ele tem esperança de que tu
voltes. Tu sempre voltas. Não dessa vez. Sua covardia mudou teus hábitos. Sua
covardia provocou ódio e orgulho em ti. Sua covardia inclusive te fez sentir-se
auto-suficiente, capaz de ser. A covardia gera saudades nele. ''Saudades são
violentas quando mudamos de endereço; saudades são insuportáveis quando mudamos
de sentido''. Mas tu és forte, tu encaras, tu sabes seguir em frente. Eu
acredito na tua coragem. Eu vou te dar a coragem necessária. Eu vou de mãos
dadas contigo. Enquanto ele irá se remoer em dúvidas, arrependimentos não
assumidos, ele irá se consumir em incapacidades. Ele confundiu covardia com sacrifício.
Ele não soube mentir, nem tampouco dizer a verdade. Ele apenas disse, e com tantas
palavras e apenas palavras te conquistou. Conquistou de modo a te fazer amar
sua covardia. Talvez seja o que restou dele em ti. Se é que alguma coisa
restou.
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